11 março, 2014

Hoje é uma boa madrugada para matar alguém

            Madrugada de terça-feira, desliguei o computador, tentei me desconectar de tudo, desliguei o celular, fui ao banheiro escovar os dentes. Machuquei a gengiva, droga! Cuspi sangue, o sangue no ralo da pia rodopiou feito pião. Odeio sentir o gosto do meu sangue, odeio a cor vermelha, odeio. Se fosse mulher viveria até a primeira menstruação, depois me mataria. Sentiria o sangue escorrer pelas pernas, seria capaz de aproximar a língua no joelho para saber o gosto e depois me mataria. Terminei de escovar os dentes, forcei um sorriso tosco, sem graça para averiguar o amarelidão da minha boca, malditos cigarros de duas em duas horas, bendita solidão. Hoje é uma boa madrugada para matar alguém. Sozinho no apartamento calculo, ainda em frente ao banheiro do espelho, a morte. Hoje é uma boa madrugada para matar alguém. Lavo o rosto e me jogo do décimo quinto andar. Jogado no chão feito bicho sangro. Último suspiro e tudo vermelho.  

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