O meu hábito de escrever é uma necessidade. Só os loucos sabem. Muitas vezes palavras soltas. Palavras que o meu corpo não verbaliza e nem precisa. O meu hábito de escrever não é vaidade, não é verdade. Só os loucos sabem. Muitas vezes palavras tortas. Palavras-portas. Que abrem e fecham possibilidades, no fundo. Palavras que o meu corpo necessita para ser vivo no mundo. Ainda que eu não entenda muita coisa da arte de escrever, continuarei, porque a fonte inesgotável da vida se dá pela palavra. Aquela que arrebata o mais singelo leitor e ao próprio autor.
15 março, 2014
o juízo final
toquem as trombetas
o glorioso dia chegará
toquem as punhetas
a morte em gozo
o céu e o inferno
a humanidade
no poço
a terra sedenta
de vida em gozo
o glorioso dia chegará
toquem as punhetas
a morte em gozo
o céu e o inferno
a humanidade
no poço
a terra sedenta
de vida em gozo
reflexo
a casa vazia
seu rosto no espelho
seus olhos
elo
a casa trazia
seu cheiro
aluga-se
a morada
a casa vazia
tudo nela
tinha
menos espelho
seu rosto no espelho
seus olhos
elo
a casa trazia
seu cheiro
aluga-se
a morada
a casa vazia
tudo nela
tinha
menos espelho
11 março, 2014
Hoje é uma boa madrugada para matar alguém
Madrugada de terça-feira, desliguei o computador, tentei me desconectar de tudo, desliguei o celular, fui ao banheiro escovar os dentes. Machuquei a gengiva, droga! Cuspi sangue, o sangue no ralo da pia rodopiou feito pião. Odeio sentir o gosto do meu sangue, odeio a cor vermelha, odeio. Se fosse mulher viveria até a primeira menstruação, depois me mataria. Sentiria o sangue escorrer pelas pernas, seria capaz de aproximar a língua no joelho para saber o gosto e depois me mataria. Terminei de escovar os dentes, forcei um sorriso tosco, sem graça para averiguar o amarelidão da minha boca, malditos cigarros de duas em duas horas, bendita solidão. Hoje é uma boa madrugada para matar alguém. Sozinho no apartamento calculo, ainda em frente ao banheiro do espelho, a morte. Hoje é uma boa madrugada para matar alguém. Lavo o rosto e me jogo do décimo quinto andar. Jogado no chão feito bicho sangro. Último suspiro e tudo vermelho.
10 março, 2014
Flores
Menos pudores, mais cores, menos dores, mais amores, menos bastidores e para cada estréia na vida: mais flores!
04 março, 2014
Luiza
Quis fazer uma coroa de flores para Luiza, flores do campo, suas preferidas.
Quis andar de mãos dadas com ela pela cidade.
Quis revelar toda a verdade
Quis roubar beijinhos surpresos, estalados, molhados, de esquimó...
Quis desembaraçar dos seus cabelos o nó
Quis ser a paz de Luiza
Quis ser a música de Luiza
Quis ser a perturbação de Luiza
Quisera eu tanto querer e fui
E sou e ainda quero
Colando estrelas no teto
Aos braços dela, meu ego
Luiza lhe entrego
Tudo aquilo que quis
E quero...
Zombam os incrédulos, os incoformados
Com um amor devoto assim
Pasmem os preconceituosos
Luiza és a parte bonita de mim
Me ganha num olhar terno sem fim
Quis desenhar-te nua, Luiza
Quis com lápis colorir sua boca na minha
Quis eternizá-la numa moldura
Mas são as palavras cruas que brotam
Nessa noite escura
Venha me despir a roupa
Te quiero mujer y loca
A língua na aréola
O arrepio no corpo
Felicidade completa
Um choro pro gozo
E o meu amor é dela!
Quis andar de mãos dadas com ela pela cidade.
Quis revelar toda a verdade
Quis roubar beijinhos surpresos, estalados, molhados, de esquimó...
Quis desembaraçar dos seus cabelos o nó
Quis ser a paz de Luiza
Quis ser a música de Luiza
Quis ser a perturbação de Luiza
Quisera eu tanto querer e fui
E sou e ainda quero
Colando estrelas no teto
Aos braços dela, meu ego
Luiza lhe entrego
Tudo aquilo que quis
E quero...
Zombam os incrédulos, os incoformados
Com um amor devoto assim
Pasmem os preconceituosos
Luiza és a parte bonita de mim
Me ganha num olhar terno sem fim
Quis desenhar-te nua, Luiza
Quis com lápis colorir sua boca na minha
Quis eternizá-la numa moldura
Mas são as palavras cruas que brotam
Nessa noite escura
Venha me despir a roupa
Te quiero mujer y loca
A língua na aréola
O arrepio no corpo
Felicidade completa
Um choro pro gozo
E o meu amor é dela!
02 março, 2014
auto-sentido
Em posição ereta. Postura erguida. Encontro a brecha: o universo me faz viva. Espio o divino e sorrio. De tudo que posso ser e sou, torno-me céu, terra, mata e rio. Entorno, derramo, transbordo. Toco nuvens e vôo. Encosto meu eu no mundo. Deixo-me ir. Deixo partir meu corpo nas fronteiras da vida, das estradas de qualquer ida. Deixo-me parir todos os desejos de uma alma faminta... E volto. E morro. E vivo. E só vivo porque SINTO.
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